O portal de moda @PBC4 entrevistou o estilista Jefferson Kulig. Descubra o que Kulig pensa sobre moda.
O que é preciso para ter estilo?
Apenas uma coisa: cultura. Existem várias formas de se adquirir cultura. Vendo filmes, lendo, viajando pelo mundo, conhecendo outros costumes. Com esse conhecimento é mais fácil aceitar a moda, compreender o novo, entender aquilo que lhe está sendo apresentado.
Qual o recado que você daria para quem pretende investir em moda?
Tenha dedicação.
Algo mudou nos seus conceitos de moda ao longo dos anos?
Com o passar do tempo, passei a enxergar a moda e os seus conceitos de uma maneira mais aprimorada. Digo isso porque, em minha opinião, a moda no Brasil se resume apenas à imagem, enquanto em outros lugares, principalmente na Europa, o que importa é o business, o retorno financeiro que o mercado proporciona. No Brasil a moda não dá dinheiro. É preciso, para os brasileiros, mais profissionalismo para que se possa desenvolver uma indústria da moda aqui. Caso contrário, continuaremos a consumir produtos vindos de outros países.
E o que é preciso para que ocorra a profissionalização e o posterior desenvolvimento da moda no Brasil?
É necessário que se faça produtos consumíveis, que as pessoas tenham vontade de comprar e não apenas criar looks para editoriais. E ainda mais importante: é preciso que as pessoas que trabalham com moda encontrem nichos no mercado fashion, que trabalhem com novidades, explorem tecnologias. Isso trará retorno financeiro. Já acontece lá fora, pode acontecer aqui. Precisamos saber o que o consumidor quer, pois existe vontade mundial de moda.
Você realiza algum tipo de pesquisa antes de criar suas coleções?
Tudo pode ser inspirador para mim. Vejo moda em tudo. Vejo moda em grifes, mas também em bairros de uma cidade, na Rua XV em Curitiba, por exemplo. O que procuro fazer, porque acho que o Brasil é pouco explorado, é misturar tendências europeias com elementos brasileiros, da cultura do nosso país. Portanto, sempre procuro olhar em volta, para dentro do Brasil, da minha cidade, das ruas.
Para qual público você cria?
Crio para uma mulher culta, que já conhece o meu trabalho, conhece os tecidos com que trabalho. Para a mulher que se sente confortável utilizando uma de minhas criações. E, já que crio para uma mulher culta, crio também para uma mulher com estilo.
Nos últimos anos você conquistou um grande espaço no cenário nacional da moda. O que você tem a dizer sobre essa experiência?
Essa conquista me trouxe uma ótima visibilidade. A mídia, e as pessoas de um modo geral, hoje em dia, conhecem meu trabalho. Isso faz com que eu consiga atingir ainda mais meu público, participando do meio da moda e incutindo neles uma vontade de consumir minhas roupas.
O que podemos esperar da coleção Inverno 2010, que, recentemente, foi apresentada na São Paulo Fashion Week?
Acredito que não irei apresentar a mesma coleção, é muito provável que haja diferenças. Isso porque, lá em São Paulo, pude sentir a reação das pessoas a certas roupas, pude medir o que deu certo e o que não foi bem aceito, portanto acabarei fazendo mudanças na coleção. E o que será visto? Ainda não posso dizer. Dependo da minha sensibilidade, de como eu estiver me sentindo no momento em que eu olhar as peças. Só posso dizer que o público terá uma surpresa.
Quem são os profissionais de moda que você admira?
Gosto da grife Commes des Garçons e admiro muito o estilista Marc Jacobs, porque ele sempre sabe interpretar o momento pelo qual a moda está passando, porque sabe o que a mulher quer.