Ou se ama, ou se odeia. Ninguém ficará indiferente. New Blood (Novo sangue), Signs of Life (Sinais da Vida) ou Hemosapien são títulos de várias apresentações do visionário artista nova-iorquino, Jordan Eagles. Com 32 anos, passou a última década da sua vida aperfeiçoando sua arte, um processo autodidata no qual admite ainda estar trabalhando. Utilizando sangue animal, resina UV, plexiglass e metais em pó, Jordan cria obras intrigantes, abstratas, onde o sintético está em comunhão com o orgânico.
Em placas de acrílico, em tons transparentes, brancos ou ainda, preto, explora as propriedades de reflexão e refração do sangue, preservado em múltiplas camadas de resina, dando origem a trabalhos multidimensionais e translúcidos que revelam todos os detalhes e texturas. A cor original é preservada e varia entre o vermelho vivo do sangue fresco, tons mais escuros pelo envelhecimento do mesmo, e misturas com metais em pó, como o cobre, resultando em cores vibrantes e metálicas, uma paleta profunda de gradações, quadros poderosos e sedutores que envolvem o observador numa experiência sensorial orgânica e luxuriante.
Além do processo de montagem das obras, absolutamente intrigante, Jordan Eagles vê-se questionado acerca do cheiro do sangue e da possível utilização de sangue humano: “Não cheira mal, até começar a decompor-se, o que acontece no período de cerca de uma semana.”, “Utilizar sangue humano passa pelo meu imaginário e, certamente, pelo de quem contata com o meu trabalho, é o verdadeiro tabu”, responde.
A interpretação de qualquer obra de arte está no observador e Jordan prefere não explorar o sentido de “estranho”, adjetivos muitas vezes atribuído ao seu trabalho. Podemos todos relacionar-nos com o sangue, é à força da vida, e emite uma quantidade de energia tremenda, a qual, nestes quadros, remete muito mais para a vida que para a morte. É esse exatamente o objetivo de Eagles. Pretende explorar temas como a regeneração e as conexões metafísicas entre o corpo, a mente e a Natureza.
As formas tomam o primeiro plano, numa reflexão da mortalidade, espiritualidade e infinito, enquanto permitem ao espectador uma resposta primária e visceral. Muitos vêem as origens cósmicas da vida, planetas, formas humanas e animais; outros, feridas abertas, cortes profundos. Na obra de Jordan Eagles jaz, inata, a energia explosiva da vida em presença de luz. O sangue preservado celebra o renascimento, um momento preso no tempo, onde a ligação corpo-espírito existe em múltiplas formas físicas e espirituais. Algo transcendente, para lá da individualidade da vida, que renasce como algo novo, algo diferente, mas parte daquilo que foi.