Os anos se passam, essa é uma verdade inexorável. E, conforme isso acontece, ganhamos maturidade e experiência. A princípio, não há mal em alcançar a velhice. Porém, há quem ache que a vinda da idade é algo negativo. Com tal visão distorcida, uma atitude comum –mas que muitas vezes passa despercebida – é o etarismo.
Só que do que se trata esse tal de etarismo? Para entender melhor o significado do termo, refletir sobre de onde vem tal tipo de discriminação e começar a evitá-lo, vale ir um pouco mais a fundo no tema. Então venha com a gente ver porque o preconceito contra os mais velhos não deve ter vez.
“Etarismo é a discriminação contra as pessoas com base em estereótipos associados à idade. O etarismo pode se manifestar de diferentes maneiras, como atitudes de exclusão, de violência, de abuso, de infantilização e até mesmo por meio de piadas e ‘brincadeirinhas’. O termo é útil para denunciar qualquer tipo de discriminação etária, podendo envolver estereótipos e preconceitos contra velhos, mas também contra adultos, adolescentes e crianças”, explica a antropóloga e escritora Mirian Goldenberg em artigo da Vogue.
Sobre o tema, ela aponta: “Para mim, o mais importante é denunciar e combater a violência, a discriminação e o preconceito que as pessoas mais velhas sofrem dentro das próprias casas”. Mostrando como não é necessário sair de casa para que alguém sofra o etarismo. Pelo contrário, o preconceito muitas vezes mora ao lado em atitudes e falas de quem convive.
Anne é brasiliense e aposentada. Hoje, na melhor idade, compartilha seu relato em artigo da Universidade de Brasília sobre a experiência com o etarismo: “A gente fica com medo dos novos”.
“O idoso tem a tendência de fazer um mundinho só para ele, pelo menos eu já estava fazendo. Há muito tempo que eu tinha feito esse mundo para mim, [para fugir] daquele mundo de discriminação”, complementa Anne.
Por outro lado, a brasiliense tem uma visão interessante sobre a maturidade e como ela vive a maturidade: “Você sabe que eu ainda não senti a velhice? Eu sei que já estou com 65 anos, mas ainda não acordei, não. Não botei na minha cabeça que estou um trapo ou que não valho mais nada. Não. Eu gosto de andar, eu gosto de gente. Eu não gosto de solidão”.
“Eu estou é muito em cima, estou muito jovem, muito bacana ainda”, ela finaliza sobre como vivencia o seu momento.
A melhor forma de combater o etarismo é sempre ter em mente que a idade chega para todos. Ou seja, uma atitude sadia em relação ao próprio envelhecimento, assim como uma relação positiva com quem passou por tanta coisa é essencial.
“Lutar contra a discriminação dos mais velhos é lutar pela nossa própria velhice e, também, por uma velhice com mais saúde, dignidade e autonomia para os nossos filhos e netos: os velhos de amanhã. Se, no século passado, tivemos a revolução dos jovens, no século 21 precisamos lutar para fazer a revolução dos mais velhos: é isso que eu chamo de A Revolução da Bela Velhice”, ressalta a antropóloga Mirian Goldenberg.
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